Jesus dos Santos
A servidora e ex-contadora do Instituto de Previdência de Jundiaí – Iprejun – Denise Durães registrou, nesta terça-feira (10) um Boletim de Ocorrência (BO) Policial. O motivo da queixa se deu pelo fato de que a autarquia teria apagado, sem sua autorização, vários de seus e-mails institucionais.
A denúncia foi feita pela primeira vez na Associação de Servidores Municipais de Jundiaí e Região, a Asserv, que a encaminhou ao presidente da Câmara Municipal de Jundiaí, com cópia a todos os outros 18 vereadores.
A vereadora Mariana Janeiro (PT), com apoio do plenário da Casa de Leis, solicitou informações à Prefeitura de Jundiaí sobre esse fato e outros constantes do documento da Asserv.
De acordo com a vereadora, as respostas da prefeitura já chegaram e estão em análise por sua equipe, antes da tomada de qualquer decisão.
NO BO
“No final de abril passado, percebi que inúmeros e-mails institucionais meus, anteriores a 31 de março passado, foram apagados de minha caixa”, disse Durães à Polícia Civil.
“Achei muito estranha essa ação de apagamento, justamente porque ela se deu após as denúncias que fiz sobre irregularidades da autarquia. Então, isso denota que o apagamento foi proposital, para evitar a utilização dos e-mails para embasar outras denúncias, como a do pagamento indevido de salário a servidor de cargo em comissão. Ele esteve internado em hospital por mais de 15 dias e, portanto, seu salário não poderia continuar sendo pago pelo Iprejun e, sim, pelo INSS”, continuou a servidora.
Outro ponto que Durães destaca no Boletim de Ocorrência é a denúncia que fez sobre o favorecimento do Iprejun a uma ex-servidora da Prefeitura de Jundiaí.
“A ex-servidora ganhou uma ação judicial (aposentadoria) contra o Iprejun. Na hora dos cálculos, eles foram feitos por mim, mas, indevidamente entregues ao advogado dela, para que não houvesse contestação e mais demora no processo. Isso não é feito em favorecimento a nenhum servidor. Esses cálculos não poderiam ter sido enviados ao advogado da ex-servidora. À época, eu era a contadora da autarquia”, destacou Durães.
Durães finaliza sua queixa à Polícia dizendo que os e-mails apagados traziam informações e documentos de mais de oito anos.
“Esses e-mails são de mais de oito anos e tratavam de trabalhos com orientações para gestores e fornecedores de software a respeito de contabilidade, orçamento público, folha de pagamento, respostas para órgãos fiscalizadores como o Tribunal de Contas, Ministério da Previdência e Secretaria de Regimes Próprios, dentre outros”, completou a ex-contadora.
ASSERV
No mês passado, João Miguel Alves, presidente da Asserv, entidade que encaminhou as denúncias à Câmara de Jundiaí, elogiou o trabalho da vereadora Mariana Janeiro e agradeceu pela sua atenção e empenho nesta causa.
“Podemos afirmar que a Câmara de Jundiaí já mudou. Até agora, tudo o que era a ela pedido, até parecia esmola. Pela dedicação e empenho da vereadora Mariana Janeiro, vemos que a situação mudou. Mariana já mostra para quê realmente serve a Câmara”, disse João Miguel à época.
E João Miguel fez questão de ressaltar, mais uma vez e também à época, que a Asserv não está acusando ou culpando ninguém. Está tão somente desempenhando o seu papel e, agora, vê que a Câmara também desempenha o seu.
“É importante ressaltar que não estamos acusando ou culpando ninguém. Mas, em face de indícios tão fortes, não há como a gente se calar”, disse.
“Quando falo de fortes indícios, apelo para que todos revejam, por exemplo, em recente matéria aqui do Grande Jundiaí. Lá o Iprejun diz que ele (Iprejun) é o autor dos cálculos na ação judicial de Vasti Marques. Já o advogado dela diz que os cálculos são dele (advogado). Então, quem está com a verdade? Precisamos, sim, apurar. E aguardo essa apuração, a bem de todos os servidores ativos e aposentados, que começou oficialmente agora, com o empenho da vereadora Mariana Janeiro”, acrescentou o presidente da Asserv.
Na tarde desta quinta-feira (12), João Miguel falou sobre sua expectativa e necessidade da tomada de providências urgentes.
“Espero que tudo isso que está em andamento para a apuração dos fatos seja terminado logo. Não é razoável esperarmos muito tempo. Se nada for encontrado de irregular, por óbvio, daremos nossa luta por encerrada nesse sentido. Mas, constatadas e comprovadas qualquer irregularidade, que o responsável seja punido com o rigor da lei”, finalizou João Miguel.
PREFEITURA
A assessoria de imprensa da Prefeitura de Jundiaí, que também se encarrega das atividades de comunicação do Iprejun, não atendeu à solicitação de considerações sobre o registro do Boletim de Ocorrência Policial pelo apagamento dos e-mails da ex-contadora.