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Servidores do Dae Jundiaí tentam suicídio por assédio moral e sexual. Casos já estão na Justiça

Publicado em: 12/12/2025 Autor/fonte: Jesus dos Santos
Servidores do Dae Jundiaí tentam suicídio por assédio moral e sexual. Casos já estão na Justiça
Depois de ouvir presencialmente servidores do Dae S/A de Jundiaí, o Ministério Público do Trabalho da 15 ª Região, por meio do procurador Marcel Bianchini Trentin (foto) deu entrada na Justiça sobre os casos apurados. Em alguns deles, os danos psíquicos decorrentes das condutas da empresa culminaram em crises de pânico, depressão severa, internações psiquiátricas e até tentativas de suicídio de servidores.

Jesus dos Santos

“A colega Maria, (nome fictício), chegou a tentar suicídio em decorrência do assédio sexual e moral praticado pelo chefe, episódio que culminou em internação psiquiátrica. Mas, mesmo assim, nada aconteceu para o chefe”.

“Eu e vários outros servidores estamos utilizando medicamentos controlados, apenas para suportar a presença do gerente. Ele (o gerente) tem postura agressiva especialmente contra mulheres, com falas machistas e humilhações (você deixou o cérebro em casa?)”

“Tinha que ser preta!”, disse o gerente, se referindo à funcionária negra da limpeza.

Outra servidora detalhou “episódios graves de automutilação com chapinha, ingestão de cartela de remédios após humilhação pública e internação psiquiátrica, tudo relacionado ao assédio sofrido”.

“Houve retaliações após prestar depoimentos ao MPT, incluindo o ajuizamento de ação trabalhista contra si, tentativa de desvio funcional e práticas discriminatórias em razão de sua condição de saúde. Existe, sim, perseguição da gerente e de integrantes da alta gestão”.

 “Atos de assédio sexual do gerente, como toques na cintura de colegas e comentários depreciativo sobre peso. Insinuações sexuais em público e sem nenhuma consequência visível, até a intervenção do MPT”.

“Houve comentários depreciativos de cunho sexista, racial e de abuso de poder por parte do gestor. Colegas desenvolveram graves distúrbios psicológicos, com internações e tentativa de suicídio, em decorrência do ambiente de trabalho. Tentei buscar a apuração, mas fui coagida a negar os fatos”.

Você acabou de ler poucos dos muitos depoimentos feitos por servidores do Dae S/A Jundiaí ao Ministério Público do Trabalho (MPT) da 15ª Região, que fica em Campinas.

Após cinco anos de trabalhos no âmbito de inquérito civil específico e sem resultados satisfatórios, o Ministério Público do Trabalho (MPT), por meio do procurador Marcel Bianchini Tentin (foto) entrou com Ação Civil Pública na Justiça contra o Dae Jundiaí.

Se condenado, o Dae poderá arcar com mais de R$ 500 mil, a título de indenização por dano moral coletivo. Além desse valor, outros R$ 10 mil serão cobrados por cada eventual obrigação constante da sentença e não cumprida.

Questionado, o Dae respondeu ao Grande Jundiaí que ainda não foi notificado sobre a Ação Civil Pública e, por isso, não vai se manifestar sobre seu conteúdo neste momento. (Leia a íntegra da nota ao final da matéria).

MUITOS CASOS

A primeira denúncia chegou ao órgão ministerial em 2019 e, de acordo com o MPT, foram aumentando ao longo dos anos.

Só neste ano de 2025 foram quatro denúncias, no âmbito do mesmo inquérito, destaca o procurador do Trabalho.

“Todos os elementos colhidos demonstram que as práticas abusivas são reiteradas, enraizadas e institucionalizadas, envolvendo distintos setores do Dae e múltiplos gestores com poder decisório”, afirma o procurador do MPT, Marcel Bianchini Trentin.

Tanto servidores que ficam na sede da empresa, quanto na Estação de Tratamento de Água – ETA-A foram atingidos por assédio moral e sexual.

PUNIÇÃO OU PROMOÇÃO

O procurador do Trabalho também diz em sua petição à Justiça que “a investigação constatou que o Dae não apenas falhou em punir os assediadores, mas também os protegeu”.

A reportagem do Grande Jundiaí buscou saber, dentre os servidores, algum exemplo dessa proteção aos assediadores.

E encontrou que, um deles, deixará o local de trabalho atual (onde praticou assédios) e será promovido para chefe de outro setor.

BANHEIROS

Além da questão do assédio moral e sexual, o MPT apontou a falta de banheiros químicos para uso dos servidores que trabalham em atividades externas, como manutenção, por exemplo.

“Esses empregados, responsáveis por trabalhos de manutenção em locais públicos, permanecem sem acesso a banheiro de nenhuma forma”, continua o procurador do Trabalho, na ação.

DAE

A assessoria de imprensa do Dae Jundiaí respondeu ao Grande Jundiaí que “ainda não foi oficialmente notificada sobre a Ação Civil Pública mencionada e, portanto, não irá se manifestar sobre seu conteúdo neste momento”.

A assessoria completa a nota dizendo que “a empresa reforça que repudia qualquer forma de assédio e que mantém políticas internas e procedimentos formais para apuração de denúncias, garantindo sigilo, respeito e responsabilidade em todos os processos”.

No entanto, o procurador do Trabalho Marcel Trentin, por ocasião da elaboração de sua peça inicial da Ação Civil Pública, escreveu que o Dae, “apesar de reiteradas recomendações do MPT, não providenciou a instalação de banheiros químicos ou de qualquer estrutura sanitária móvel”.

“A empresa (Dae) até reconheceu informalmente a necessidade de melhorias e implantou mecanismos internos de registro de queixas (como ouvidoria e programa de compliance), mas, tais providências não cessaram as denúncias nem resultaram em soluções efetivas. Pelo contrário, os relatos de assédio e de insalubridade apenas se acumularam ao longo do inquérito civil”, completou o procurador Marcel Trentin.

 

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