Servidores da Prefeitura, que preferiram não se identificar, estão preocupados com a água acumulada em velhos veículos, máquinas, caçambas e equipamentos em desuso e que estão no pátio do Centro de Serviços da própria Prefeitura, no bairro da Ponte São João.
Eles disseram que, como têm medo da dengue, por diversas vezes, reclamaram com seus chefes, mas acreditam já estarem ‘marcados’ por isso.
“Esses velhos veículos, máquinas e equipamentos, que estão aqui no pátio do Centro de Serviços e com água, estão “chamando’ o mosquito da dengue. E não é de agora, nesta época em que estamos tendo chuvas fortes, não! Isso está assim já há algum tempo! Já denunciamos várias vezes ao nosso chefe, sem sucesso. Nosso objetivo é colaborar para que o mosquito da dengue não se prolifere,principalmente nas instalações da própria Prefeitura, que é a responsável pela fiscalização em toda a cidade. Mas, já percebemos que ficamos ‘marcados’ por essas denúncias, o que é um absurdo! Estamos com medo da dengue e outras doenças”, revelou um dos servidores, que, a seguir, cedeu fotos do local à reportagem.
Outro servidor se mostrou bastante revoltado. “Aquina prefeitura, já denunciamos e não obtivemos êxito. Agora, estamos pesquisando para saber se o Ministério Público aceita denúncia anônima e, em caso positivo, estaremos lá muito em breve, de preferência antes de contrairmos a dengue. E também vamos começar a avisar os vizinhos daqui do Centro de Serviços, onde têm muitos idosos e crianças também. Eu, particularmente, estou muito revoltado”, contou.
De acordo com o Boletim Epidemiológico da Unidade de Gestão de Promoção à Saúde da Prefeitura de Jundiaí, que compreende o período entre 1 de janeiro e 5 de fevereiro de 2020, o município registrou 91 casos notificados de dengue, dentre eles, 15 confirmados. Outros 9 aguardam resultado e 67 são negativos ou descartados.
Quanto à zika e febre amarela não houve registro de casos.
Para a chikungunya, foram 5 casos notificados, 2 confirmados, um aguardando resultado e outros 2 negativos ou descartados.
No boletim, a Unidade de Gestão de Promoção àSaúde diz que “o informativo tem por objetivo não somente manter a transparência das informações como alertar a população aos cuidados para evitar os criadouros dos mosquitos Aedes aegypti, vetor transmissor das doenças, além dos profissionais de saúde sobre a atenção aos sintomas”.
EPIDEMIA EM SOROCABA
No início deste mês, o município de Sorocaba, distante 85 quilômetros de Jundiaí, decretou epidemia de dengue na cidade.
De acordo com o Boletim Epidemiológico daquele município, 104 casos da doença foram confirmados, dentre os 802 notificados. 629 foram descartados e 60 continuam em investigação.
POMBOS NA SANITÁRIA
Enquanto os servidores do Centro de Serviços se expõem ao mosquito da dengue, os da Vigilância Sanitária se expõem às fezes dos pombos que,secas e impregnadas nas paredes da sede do órgão, na Vila Municipal, ameaçam a saúde da população que ali trabalha ou visita.
A reportagem do Jundiaí Saúde denunciando o perigo aos servidores da Sanitária foi publicada em outubro do ano passado e trazia os preceitos do Ministério da Saúde, referente ao assunto.
“As fezes secas dos pombos são um dos principais reservatórios do fungo causador da doença denominada criptococose (doença do pombo), que pode levar as pessoas à morte”, diz o órgão ministerial.
A reportagem também cita informações do jornal Correio Brasiliense.
“Exemplo disso dá conta de que as últimas estatísticas nacionais mostram que no Distrito Federal, no ano passado (2018), 40% dos casos de doença do pombo terminaram em morte”, diz o jornal.
PREFEITURA DE JUNDIAÍ
Apesar das solicitações do Jundiaí Saúde feitas em sua Sala de Imprensa na tarde de hoje, a Prefeitura de Jundiaí não respondeu se a diretoria de Vigilância em Saúde já realizou alguma ação no Centro de Serviços, com o objetivo de solucionar esse problema.
Não respondeu também se existe previsão para a retirada desses velhos veículos, máquinas, caçambas e equipamentos do local, por meio de leilão, desmanche ou qualquer outra ação.
Quanto aos questionamentos sobre as medidas protetivas aos servidores da Vigilância Sanitária, feitos em outubro passado, a reportagem também continua sem resposta.
DOENÇAS DO TRABALHO
O trabalhador que for acometido por quaisquer dessas doenças (dengue, zika, chicungunya ou criptococose)em seu local de trabalho, poderá pleitear seus benefícios previdenciários equivalentes aos do acidente do trabalho, já que a Lei Federal 8.213 dá esse amparo.No entanto, evidentemente melhor é prevenir.