Jesus dos Santos
O servidor público Bento Ferreira da Cunha Neto, 65 anos, morreu nesta terça-feira (26). Ele estava internado no Hospital São Vicente havia 26 dias.
No dia 31 do mês passado, Cunha Neto sofreu queda enquanto trabalhava na estrutura de uma caixa d’água, instalada no Ginásio de Esportes dr. Nicolino de Luca, o Bolão.
Foi socorrido e encaminhado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos, apesar do tratamento recebido durante o período de internação.
A Associação de Servidores Públicos Municipais do Aglomerado Urbano de Jundiaí e Região (Asserv), por meio de seu presidente João Miguel Alves, está questionando a Prefeitura de Jundiaí, sobre as circunstâncias em que o acidente do trabalho ocorreu.
“Em primeiro lugar, estamos questionando a administração pública sobre a falta do uso do cinto de segurança pelo servidor. Precisamos saber se ele recebeu o cinto e não o usava, ou se não o recebeu”, disse João Miguel.
“Em trabalho em altura, o trabalhador que tem e usa o cinto não cai no solo. Fica pendurado e, por isso, não sofre lesões graves como essas que provocaram a morte do servidor Bento”, continuou.
“Se ele tinha o cinto e não o usava, queremos saber sobre a falta de fiscalização por parte da Prefeitura de Jundiaí”, disse João Miguel.
A Asserv, enquanto também entidade representativa na defesa dos direitos dos servidores públicos municipais, questiona ainda a Prefeitura de Jundiaí sobre outros itens, que são fundamentais para a apuração das causas desse acidente fatal.
“O trabalho em altura requer treinamento obrigatório. Precisamos saber se o servidor Bento estava treinado de acordo com a norma específica do Ministério do Trabalho”, acrescentou João Miguel.
“Pedimos também informações sobre o exame médico do servidor Bento, para sabermos se ele realmente estava apto para trabalhar em altura, se tinha algum problema de saúde etc”, completou o presidente.
PRESSÃO ALTA
Vinícius Sarto, genro do servidor vítima do acidente fatal, falou com a reportagem, na manhã desta quarta-feira (27). Ele confirmou o não uso do cinto de segurança e também disse que o sogro tinha pressão arterial alta.
“No momento do acidente, meu sogro não usava o cinto de segurança. Não sei se ele não o tinha ou se tinha e não quis usar. Tudo isso vamos saber agora. Disseram que a altura em que meu sogro trabalhava era de três metros. Mas, também há informações de que o local era mais alto”, disse Sarto.
“Ele (Bento) tomava um remédio de uso contínuo, já que tinha pressão alta”, completou o genro.
28 DE ABRIL
Amanhã (28), o mundo homenageia as vítimas de acidentes e doenças do trabalho.
A data foi escolhida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), vez que nela, em 1969, 78 trabalhadores morreram na explosão de uma mina no estado da Virgínia, nos Estados Unidos.
Segundo o Observatório de Segurança e Saúde do Trabalho, desenvolvido e mantido pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), em cooperação com a OIT, nos últimos dez anos, morreram 22.954 pessoas em decorrência de acidentes de trabalho no Brasil.
Ainda segundo o Observatório, os segmentos de supermercados, administração pública em geral e de restaurantes figuram entre aqueles que registram maiores ocorrências de acidentes e doenças ocupacionais entre os municípios do interior paulista.