Morreu nesta terça-feira (9), Wilson Correa Brito, 57 anos, vítima de covid-19. Ele era funcionário da Fundação Municipal de Ação Social (FUMAS) e trabalhava como agente funerário, no Serviço Funerário Municipal.
O servidor estava internado desde o dia 25 de maio na UTI do Hospital São Vicente de Paulo, onde foi a óbito.
Funcionários de empresa terceirizada para os serviços funerários também têm suspeita da doença. São um coveiro e duas faxineiras.
Colegas de trabalho de Brito, que preferiram não se identificar, disseram que a situação deles não é boa em termos de prevenção da doença.
“Quanto à questão de equipamentos, depois de muita luta, até que conseguimos resolver. Agora temos luvas, máscaras, macacões. Mas, a situação em geral não é boa. As dependências do Hospital São Vicente, que é onde sempre estamos, não é higienizada, além de lá os corpos de vítimas de covid-19 ficarem junto aos demais corpos de pessoas que tiveram outras causas de morte”, contou um deles.
“E isso é complicado, porque às vezes somos acionados para retirar um corpo de morte natural e aí vamos com outros tipos de equipamentos de proteção, diferentes daqueles necessários para a retirada dos corpos de covid-19”, completou.
“O Hospital Pitangueiras, da Sobam é um exemplo de proteção aos trabalhadores. Lá eles alugaram um container, onde só ficam os corpos de covid-19. Os outros ficam no necrotério. É isso que o São Vicente deveria fazer”, reclamou outro servidor da FUMAS, acrescentando que a situação dos trabalhadores do cemitério é pior ainda, já que eles não têm os equipamentos de proteção necessários.
“Veja que os terceirizados lá do cemitério Montenegro estão em situação ainda pior do que a nossa! Eles trabalham com roupas comuns, sem macacões, durante o dia inteiro, em contato com corpos de pessoas que morreram por covid-19. Será que, depois do trabalho, estão indo para casa com essas roupas, ou trazem outras?”, finalizou.
Por último, o servidor informou sobre ofício encaminhado ao Hospital São Vicente, pedindo providências.
“Soube que nosso diretor aqui da FUMAS encaminhou ofício ao Hospital São Vicente, onde pede providências para as irregularidades que apontamos. E são duas páginas de itens relatados”, informou.
DEU NO FACEBOOK
Nesta semana, na rede social Facebook o apelo de uma jovem pôde ser lido e comentado sobre a situação do Hospital São Vicente.
“Aqui vai uma denúncia e espero que as autoridades competentes tomem a devida providência”, inicia a jovem em sua mensagem.
“No Hospital São Vicente de Paulo, todos os corpos de pessoas que morrem estão sendo colocados com aqueles de quem morreu ou são suspeitos de covid-19. Agora eu pergunto: Onde está o respeito e o cuidado com os familiares do enlutado e com os agentes funerários que irão preparar o corpo para o velório?” questiona a jovem, na rede social.
“... Isso é um perigo para nós”, comentou uma pessoa sobre a denúncia.
SINDICATO
O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Jundiaí, Márcio Cardona, se manifestou nesta tarde, dizendo que, por ofício, tratou do assunto com a Prefeitura de Jundiaí, desde o início da pandemia.
“Por ofício, solicitamos à Prefeitura de Jundiaí os equipamentos e materiais necessários para a proteção dos servidores em geral, em especial aqueles que realizam atividades de atendimento ao público”, disse Cardona. “Não temos recebido reclamações de falta desses itens, mas continuamos atentos quanto à proteção dos servidores”, completou.
PREFEITURA DE JUNDIAÍ
A assessoria de imprensa da Prefeitura de Jundiaí, que acumula as atividades de comunicação da FUMAS, não se manifestou a respeito.
HOSPITAL SÃO VICENTE
A assessoria de imprensa do Hospital São Vicente também não se manifestou.