Desde o início da pandemia covid-19, o Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV) busca no dia a dia aperfeiçoar a assistência prestada aos pacientes diante desta nova realidade. Um dos pontos principais é a humanização, por isso novas ideias são implantadas frequentemente, com muito critério e cuidado.
Nesta semana o hospital deu início ao Programa de Comunicação com o Familiar, que objetiva estabelecer uma rotina de contato a fim de passar informações dos pacientes covid-19, que estão em isolamento no hospital.
A ideia foi do médico intensivista Eduardo Rennó e a coordenação está sob a responsabilidade da psicóloga Caroline Alves. O contato é feito por uma equipe multidisciplinar, que conta com enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais. A família define quem será o familiar de referência, que receberá ligações diárias.
“As primeiras informações são passadas pessoalmente, no momento da internação do paciente. Depois de 24 horas, é feito o primeiro contato telefônico pela equipe multidisciplinar, entre às 9h e 15h. Neste primeiro contato são passadas diversas informações, tais como orientações de isolamento, se outras pessoas próximas estão com algum sintoma e até esclarecimentos sobre recebimento de benefícios, tendo em vista que em muitos casos o paciente é arrimo de família”, explica a psicóloga.
Após este contato inicial, o familiar passa a receber diariamente a ligação da equipe médica, a partir das 13h. “Após a visita diária ao paciente, o médico faz contato com o familiar e passa o boletim médico, onde informa sobre a evolução clínica, medicação adotada, condutas adotadas e esclarece as demais dúvidas do família sobre a saúde do paciente”, conta Dr. Rennó.
“Os familiares ficam ansiosos e angustiados em obter informações dos pacientes, principalmente pelo isolamento, que não permite nenhum tipo de visita. Com esta iniciativa, queremos estabelecer um vínculo de confiança, deixá-los a par de tudo o que está ocorrendo e quais condutas estão sendo adotadas, reduzir ao máximo, na medida do possível, os impactos do distanciamento”, salienta a psicóloga coordenadora do projeto.
“Em muitos dos contatos feitos, o familiar nos pede para que seja feita a visita virtual, no qual usamos um tablet para uma chamada de voz com imagem. Sempre que é possível, viabilizamos essa ação, que tem sido muito positiva”, completa.
A enfermeira Daniele Regina de Lima, que faz parte do time, diz que o contato também tem o objetivo de obter mais informações sobre as condições clínicas e hábitos dos pacientes, a fim de viabilizar o tratamento mais preciso e eficiente. “O quanto mais informações tivermos sobre o nosso paciente, mais condições teremos de prestar uma assistência qualificada e assertiva, queremos saber se têm histórico de doenças preexistentes, se fazem uso de alguma medicação, se têm hábitos saudáveis e outras informações que são importantes no processo de internação e recuperação do paciente”, explica.
Outra psicóloga que integra o grupo, Marinna Correa e Figueiredo, ressalta que o projeto além de transmitir informações sobre os pacientes, visa dar voz a essas famílias. “Muitas vezes os familiares encontram neste contato que realizamos uma oportunidade de expressar sua dor, alguns até choram. Existem pessoas que estão com mais de um familiar internado, então não é fácil e essa é uma forma de humanizarmos nosso contato, não ficando somente na passagem de informações sobre o paciente, mas acolhendo a família”, acrescenta.
Segundo a assistente social Elisangela Maria Bueno Oliveira, as famílias têm aprovado o trabalho. “Percebo que todos ficam gratos e satisfeitos”, diz. A psicóloga responsável faz um balanço positivo desta fase inicial. “Já notamos a redução de críticas por falta de informações em nossa ouvidoria e em nossos serviços de telefonia. As famílias se sentem mais acolhidas e nós nos sentimos gratificados em poder ajudar”, finaliza.