Jesus dos Santos
Em fevereiro passado, a Prefeitura de Jundiaí nomeou Rodrigo Ferreira Alves como assessor de políticas governamentais, fazendo sua lotação na Unidade de Gestão de Governo e Finanças. Mas, ele assumiu a chefia de um setor da Unidade de Gestão de Infraestrutura e Serviços Públicos, compreendido pelo Campo do Careca e o Parque Botânico Eloy Chaves (foto).
Pouco mais de um mês da nomeação de Alves, Andreina de Oliveira Silva também foi nomeada com o mesmo cargo, a mesma função, o mesmo salário e o mesmo local de trabalho. Ela está lotada na Unidade de Gestão de Infraestrutura e Serviços Públicos. O setor passou, então, a contar com dois chefes, os dois assessores.
Pelo artigo 4º da Lei Complementar local nº 499/10 – Estatuto dos Funcionários Públicos – os cargos em comissão, destinados exclusivamente às funções de direção, assessoramento e chefia (DAC) são providos mediante livre escolha do Prefeito (...), desde que reunidos os requisitos necessários e habilitação profissional para a respectiva nomeação.
Com salários e benefícios, que totalizam mais de R$ 20 mil por mês, os dois assessores se encarregam de chefiar as atividades de cinco servidores: quatro agentes de serviços operacionais e um motorista, que, por restrições médicas, atua em função administrativa.
ATIVIDADES
A Lei jundiaiense 7.827/2012, descreve de forma sumária do cargo de agente de serviços operacionais: auxiliar na execução de serviços operacionais simples em diversas áreas das secretarias.
Mais detalhadamente, esses serviços são os de limpeza, higienização e conservação em instalações prediais, equipamentos e utensílios.
Os agentes de serviços operacionais do Parque Botânico Eloy Chaves também cuidam da alimentação dos peixes e dos patos do lago.
DOIS CHEFES
De acordo com o servidor motorista João Miguel Alves, o setor até que havia ganho novos rumos, com o início do governo de Gustavo Martinelli.
No entanto, esses rumos já são considerados desconstruídos, uma vez que, pela ausência de harmonia entre os dois chefes e a equipe, até os pequenos problemas que lá existiam se tornaram grandes.
“Tudo estava indo muito bem. Com a chegada do governo Martinelli, o chefe Rodrigo Alves implantou no setor um sistema de trabalho animador, prazeroso e com novas ideias e projetos. Tudo isso, por certo, iria ao encontro das necessidades da população, que procura tanto o campo de futebol, como o parque para o entretenimento”, disse João Miguel.
“Mas, com a chegada de mais uma chefe, a assessora Andreina, tudo aquilo que se esperava de bom caiu por terra. Entre os dois assessores e a equipe não há harmonia. O ambiente de trabalho ficou muito pior do que estava na gestão passada, que não tinha assessores no setor. Agora, a equipe precisa tomar muito cuidado para não agradar um chefe e desagradar o outro, ainda que seja simplesmente pelo lado político. Inclusive, já encaminhei e-mail à Gestão de Pessoas fazendo minhas reclamações sobre a nova chefe. Fui orientado a procurar a assistente social no Paço Municipal”, destacou.
“E não é só o aspecto político com os servidores que a Administração precisa enfrentar, não! A chefe Andreina também não tem tratado bem os munícipes que comparecem no campo ou no parque. Ontem mesmo, recebi, por áudio, reclamação de um munícipe sobre o tratamento que ele recebeu dela (Andreina) no setor” frisou.
João Miguel também avaliou que esse aspecto político tem imperado até mesmo nas decisões sobre quem deve ou não continuar na equipe de trabalho. E que, apesar de prática inaceitável, ele recebe pressão de forças externas, ou seja, de outro Poder Municipal.
“A situação no setor já pode ser considerada insustentável. E ninguém tem medo ou preocupação de dizer o que pretende fazer. Tudo, ainda que errado ou inconveniente, é falado na frente de todos, abertamente. Veja que eu, mesmo com restrições médicas, bem adaptado na função e desenvolvendo bem o meu trabalho, até já recebi a informação, dando conta de que posso ser remanejado para outro setor, porque o aspecto político prevalece. E isso é lamentável”, revelou João Miguel.
“É preciso, com urgência, que cada um obedeça aos limites de seu espaço. Servidor do Executivo é subordinado ao prefeito e não a nenhum vereador, principalmente àqueles que pensam que podem mais”, finalizou João Miguel.
PREFEITURA
A reportagem pediu informações à Prefeitura de Jundiaí a respeito dos fatos. Ela diz estar apurando e, assim que possível, dará o retorno. Também assim que possível e necessário, a matéria será atualizada.
O pedido da reportagem busca saber o motivo de Rodrigo Alves estar lotado na Unidade de Gestão de Governo e Finanças, mas trabalhar na Unidade de Gestão de Infraestrutura e Serviços Públicos.
Como se trata de um setor pequeno da prefeitura, onde trabalham somente cinco servidores, a reportagem também busca saber quais são as atividades desenvolvidas por cada um dos dois assessores.
Outro item do pedido se refere a conhecer como os assessores foram nomeados. Se por convite do prefeito, ou indicação de algum vereador.
Por último, a reportagem questiona a Prefeitura se os assessores nomeados têm formação acadêmica compatível com a função para a qual cada um deles foi nomeado.