No último dia 21, o prefeito Luiz Fernando Machado recebeu, no Paço Municipal, um grupo de oito moradores da Vila Progresso. Além do grupo,estiveram presentes o gestor de Saúde, Tiago Texera e o vereador Adriano Santana dos Santos, o Dica.
Em reunião sob a pauta exclusiva sobre a desistência da continuidade das obras da Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24 hs) do bairro, o prefeito, de acordo com um dos moradores, recuou da decisão e das tratativas que já fez com o Conselho Municipal de Saúde e com o Ministério da Saúde.
No local, a rua Zuferey, serão construídos o Centro de Especialidades e também a UPA 24 horas, que, apesar de funcionar 24 horas por dia, não terá o nome de UPA.
“O prefeito disse que vai construir a UPA na Vila Progresso, mas não vai dar esse nome. Ele não gosta desse nome”, disse Vasco Antonio Ferracini, um dos moradores presentes à reunião do dia 21.
“Em dois meses, nós voltaremos ao Paço Municipal, quando então o prefeito vai nos apresentar o novo projeto. Segundo ele (prefeito) será o mesmo modelo de UPA, funcionando por 24 horas ao dia, inclusive contando com duas ambulâncias na porta.O prazo para a construção, ele não disse”, ressaltouFerracini.
O vereador Dica confirmou a decisão do prefeito Luiz Fernando Machado.
“Estive na reunião e o prefeito disse que ali na rua Zuferey vai construir a UPA 24 horas, além do Centro de Especialidades. Mas, a UPA não terá esse nome. E isso não importa. Sabemos que podem vir mais recursos financeiros federais se o equipamento público tiver outro nome diferente de UPA”, disse o vereador.
ABAIXO-ASSINADO
Pouco antes de a Prefeitura de Jundiaí fechar o acordo com o Ministério da Saúde para a desistência da UPA Vila Progresso, um abaixo-assinado foi protocolado junto ao prefeito Luiz Fernando Machado.
Encabeçado pelo conselheiro municipal de Saúde Joaci Ferreira da Silva, hoje em afastamento de seu mandato, o abaixo-assinado contou com cerca de 200 pessoas.
O documento solicitava a continuidade das obras da UPA, projetadas no governo Pedro Bigardi.
Joaci Silva e a também conselheira municipal de saúde Maria Cleusa Buono Cunha foram os únicos a votar contra a desistência das UPA’s, em reunião do plenário do Conselho Municipal de Saúde (COMUS).
CONSELHEIROS
Os conselheiros procurados pela reportagem, Agostinho Moreti e Maria Cleusa Buono Cunha,ainda não sabiam da nova decisão do prefeito.
“Não sabia dessa reunião, nem da decisão do prefeito em voltar a construir a UPA”, disse Cleusa Cunha.
Informada sobre os detalhes dos assuntos tratados na reunião, Cleusa Cunha foi rápida em concluir. “É óbvio que não pode mesmo mais se chamar UPA. A Prefeitura de Jundiaí já desistiu de ter UPA’s, já fez todas as tratativas com o Ministério da Saúde para essa desistência, inclusive devolvendo os R$ 3 milhões que tinha para terminar as obras”, disse.
“Mas, o importante é que a população da Vila Progresso vai receber os benefícios que merece. Por que só uma região da cidade haveria de ter UPA? Falo da região Oeste, onde está a única UPAde Jundiaí.
Cleusa Cunha lamentou o fato de o Conselho Municipal de Saúde ser o último a saber da decisão.
“É muito triste que o COMUS seja o último a saber de uma decisão dessa! Aliás, ele (COMUS) terá de votar sobre esse novo projeto. E é claro que vou votar a favor, porque quero que a população da Vila Progresso e dos outros dois bairros (Hortolândia e Ponte São João) também tenham esse benefício. Mas, vejo que a gestão para tudo isso é bastante comprometida, já que, primeiro, desiste e devolve R$ 3 milhões; depois recua e vai utilizar só recursos financeiros próprios e não mais os federais, para construir o que já era para estar construído”.
Por último, Cleusa Cunha pincelou o aspecto político.
“Gostaria de saber se o prefeito Luiz Fernando Machado não gosta mesmo do nome UPA ou tem aí uma dose política que precisa ser considerada”, finalizou a conselheira.
Para Agostinho Moreti, a decisão do prefeito precisa ser deliberada pelo COMUS.
“Bem, a nós conselheiros ainda não foi passada esta decisão. O COMUS precisa deliberar sobre esse novo projeto. Aliás, é para isso que ele existe. Ele é o controle social. Representa a sociedade nessas decisões. Veja que, da mesma maneira que o COMUS deliberou para a desistência da UPA, precisa deliberar sobre essa nova decisão. Tanto é que, para o COMUS, hoje ali na Zuferey é Centro de Especialidades, porque foi assim que deliberamos e o Ministério da Saúde aceitou. E veja, também, que essa decisão nem passou pela Comissão de Políticas de Saúde, tampouco pela pleno do Conselho”, disse Moreti.
PREFEITURA DE JUNDIAÍ
A Prefeitura de Jundiaí não atendeu à solicitação de informações feita pela reportagem, que buscavasaber, por exemplo, se em dois meses ela irá apresentar o novo projeto prometido ao grupo de moradores.
Outro destaque da solicitação da reportagem dá conta da informação se será ou não necessário um novo acordo com o Ministério da Saúde, para alterar novamente a finalidade do uso do prédio da rua Zuferey. Ressalte-se que, no recente acordo entre a Prefeitura de Jundiaí e o Ministério da Saúde – noticiado com exclusividade pelo site Jundiaí Saúde, hoje Grande Jundiaí, ela (Prefeitura) se comprometeu a devolver – e devolveu - R$ 3 milhões, além de construir, na rua Zuferey, um Centro de Especialidades, com recursos próprios e tendo como previsão de conclusão das obras dezembro de 2022.