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OPINIÃO: Empatia 2

Publicado em: 26/11/2021 Autor/fonte: Dr. Eginaldo Honório
OPINIÃO: Empatia 2
Eginaldo Honório é advogado. Publicou sua opinião originalmente no Jornal de Jundiaí, nesta sexta-feira

Minhas calorosas, valorosas e carinhosas saudações às pessoas que aqui me acompanham, das quais, muitas, enviam-me mensagens estimulantes e honrosas.

Retomo aqui o tema, da "empatia" cuja definição bastante singela é capacidade mental de sentir-se no lugar do outro, que pode parecer simples, mas é muito ... muito complexo, exigindo esforço muito grande e proximidade de mesmo porte.

Aquela pessoa que consegue se colocar no lugar do outro tal e qual recomenda a expressão, faz toda a diferença, embora, em algumas situações, seja impossível. Tomemos por paralelo o binômio "direito de fala" - "lugar de fala" e, nessa linha, todo ser humano tem o direito de falar sobre menstruação, todavia o "lugar de fala" cabe única e exclusivamente às mulheres. É impossível e inimaginável aos homens tratar desse assunto, pois não tem a mínima ideia do que seja esse fenômeno humano!

Nessa mesma linha e considerando as manifestações deste mês de novembro respeitante a "Consciência negra", lamentavelmente deparamos com pessoas alegando "consciência humana", "ausência de desigualdade", "inexistência de 'dia da consciência branca" etc et etc, sem contar outros impropérios e ofensas de cunho racista lançados na rede social das quais se extrai a não prática da empatia.

O mencionado comportamento me remete a criação e instalação do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de Jundiaí, frise-se criado no ano de 1990 e instalado somente no ano de 2000 (sim 10 anos após a criação) do qual fui o primeiro presidente até o ano de 2003.

Quando do anúncio e lançamento realizado nas dependências do secular Clube 28 de setembro, um branco chegou até mim e indagou das razões pelas quais não havia "conselho da comunidade branca". Eu respondi que a importância da criação se dá porque há problemas envolvendo a comunidade negra e tracei um paralelo com o Conselho do Menor (na época assim era chamado), instalado e em funcionamento, porque havia problema no setor; Conselho da Saúde, porque havia problema também; Conselho da Segurança, pelas mesmas razões e não havia Conselho da comunidade branca porque não havia problema. Simples assim!

Notem que a indagação foi formulada porque o cidadão branco não se colocou no lugar do negro, da criança, do doente, ... caso contrário seguramente, não faria tal questionamento!

Por tais razões a desigualdade encontrada no Brasil não reduz, a uma em vista da educação formal totalmente distorcida; a duas pois invariavelmente estimula a prática da discriminação e difamação; a três na medida em que omite a realidade, a quatro porque se insiste em desqualificar em grau máximo os integrantes da comunidade negra, sua história, origem, feitos, cultura, conhecimento, talentos, importância e tudo o mais de bom e de melhor construídos e entregues pelo segmento. Isso é, sem qualquer dúvida, incontroverso.

Se em tais pontos a empatia se fizesse presente contribuiria com a diminuição dessas desigualdades. Se colocássemos no lugar da pessoa com deficiência também. Digo isso porque, certa feita, ao presenciar uma cadeirante desembarcando de um ônibus, ocasião em que elogiei o motorista que, com muito respeito, auxiliou o desembarque. Ato contínuo perguntei a ela se permitia que a ajudasse. Pois bem: iniciei o trajeto ... gente ... que experiência! Considerando que era impossível transitar pela calçada, não havia outra solução, senão trafegarmos pela rua. Não bastasse é extremante difícil conduzir um cadeirante pela empunhadura. É horrível, não oferece segurança e equilíbrio algum e exige esforço enorme dos punhos. Lembrando desse equipamento o ideal seria o mesmo formato do utilizado nos carrinhos de supermercado, (comparem) e é bastante possível sua instalação nas cadeiras de rodas, garantindo mais conforto e segurança aos usuários.

Apresento esse paralelo a empatia, pois enquanto distantes da realidade não se verifica autorização para tratar do tema, seja qual (gênero, cor de pele, etnia, origem, condição pessoal, pessoa com deficiência etc). Assim se não é seu lugar de fala e não pratique empatia, mantenha-se em silêncio, avalie e respeite.

(Publicado originalmente no Jornal de Jundiaí, nesta sexta-feira).

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