A engenheira Fabiana Reis Moreira Silva, chefe do departamento de obras civis do Dae S/A Jundiaí, teve a confirmação para a Covid-19, depois da morte, no último dia 14, de um de seus subordinados, Laércio Pires de Carvalho, que tinha a mesma doença.
A informação foi dada ao JUNDIAÍ SAÚDE por fontesegura, que preferiu não se identificar.
A engenheira não precisou de internação hospitalare, depois de tratamento domiciliar, volta ao trabalho nesta terça-feira (30).
“Não tenho competência técnica, legal ou científica para afirmar que Fabiana Silva tenha se contaminado em virtude do contato que manteve com Laércio Carvalho, seu ex-subordinado. Mas, o Dae Jundiaí terá de, pelo menos, se manifestar a respeito dessa situação”, disse Rodnei dos Santos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Dae Jundiaí (Sindae), na manhã desta segunda-feira (29).
“Veja a situação: No dia 8 deste mês, Laércio estava trabalhando aqui e, com sintomas da doença, procurou nosso ambulatório interno. O médico não o afastou e mandou que ele voltasse ao trabalho. Laércio, então, continuou seu trabalho no dia 8, trabalhou também nos dias 9 e 10 e ficou em casa no dia 11, porque foi feriado. No dia 12, tendo agravados seus sintomas, foi para o Hospital Pitangueiras da Sobam, onde ficou internado. Dois dias depois, morreu e teve confirmada a covid-19. Nos dias seguintes, Fabiana Silva, sua chefe, também passou a referir os sintomas, foi afastada e teve confirmada a mesma doença. Prefiro não acreditar em coincidências e, por isso, estou denunciando o caso ao Ministério Público do Trabalho (MPT), em caráter de complementação. Vamos informar a confirmação do teste de Fabiana”, explicou Rodnei.
A complementação da denúncia citada por Rodnei dá conta da inclusão do nome de Fabiana Silva na relação dos servidores que já foi protocolada no MPT e indica os servidores que tiveram contato com Laércio e, agora então, a confirmação de Fabiana Silva.
E o sindicalista continua com suas explicações.
“E o pior é que já existem outras pessoas aqui com sintomas suspeitos da doença e isso nos preocupa muito, já que o Dae não muda suas ações quanto ao afastamento deles. Não afasta, desdém, julga, não testa e não orienta ninguém. Dizem que têm os testes aqui, mas temos um servidor que correu por quase que a cidade toda para conseguir realizar esse procedimento. E pior ainda: não conseguiu! Ele está fazendo tratamento médico em casa, que sugere ser tratamento de covid-19 ”, completa.
PERAMBULANDO
O caso da afirmação de Rodnei dos Santos sobre ter de correr atrás dos testes é sobre Manoel Messias dos Santos, oficial de obras do Dae Jundiaí.
Na última sexta-feira (27), o servidor parecia perambular pelos bairros da cidade, em busca do teste rápido para o coronavírus.
Com dores no peito e costas e falta de ar, foi ao Hospital Pitangueiras da Sobam, onde recebeu atendimento e recomendação de tratamento médico domiciliar. Depois, passou por duas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de bairros diferentes e teve a indicação para ir à terceira. O receio de também não ser atendido nessa terceira UBS, associado àsdores que sentia, o fez voltar para casa.
“Estava com muita dor no peito e nas costas. A falta de ar também incomodava bastante e provocava medo”, diz Manoel dos Santos. “Fui até ao Hospital da Sobam e lá a médica mandou fazer Raio X. Fiz e deu pequena mancha no pulmão. Pedi teste para covid-19, mas a médica não o fez e me indicou a UBS do Tamoio para fazer. Fui lá, onde me disseram que não faziam e me indicaram a UBS da Vila Nambi. Ali também não fizeram o teste e me indicaram a UBS do Anhangabaú. Cansado, com dor e com medo de também não ser atendido no Anhangabaú, fui para casa”, explicou Santos.
“Aqui em casa estou tomando Azitromicina, Amoxicilina 125 mg, Predsim e Dipirona. É o que a médica da Sobam me passou para tomar durante sete dias e depois retornar ao trabalho”, completou o servidor.
ENCARREGADO
Genivaldo Ribeiro, encarregado no Dae Jundiaí, tem dois servidores na equipe com suspeita de covid-19.
“Dois de minha equipe referiram sintomas do coronavírus. Encaminhei os dois ao ambulatório médico interno que os afastou. Um por cinco dias e outro, por um dia”, explicou o encarregado.
Para Rodnei dos Santos, as ações do Dae precisam ser revistas com urgência, vez que hoje elas não atendem as recomendações dos protocolos sanitários desta pandemia.
“Não temos mais como esperar. Não afastar servidores ou, quando afastar, determinar prazo diferente daquele estabelecido por protocolos internacionais e nacionais não está correto e nos expõem cada vez mais aos riscos. O Dae precisa rever essas ações! Conversar com os servidores! Orientar tanto os servidores como seus familiares! Somos atividade essencial e teremos de estar aqui. Mas, precisamos de segurança, tranquilidade e garantia, pelo menos, do cumprimento de tudo o que a ciência recomenda e manda fazer para ficarmos livres dessa doença”, concluiu Rodnei.
DAE JUNDIAÍ
A assessoria de imprensa do Dae Jundiaí não se manifestou em face da solicitação de informações encaminhadas pela reportagem.