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"Fale a verdade, Ademir", pede técnico sobre UPAs

Publicado em: 09/05/2020 Autor/fonte: Jesus dos Santos - Foto Divulgação
"Prefeitura informou ao Tribunal de Contas que paralisou as obras das UPAs no ano passado", diz Juliano Tinoco

JESUS DOS SANTOS | Ademir Pedro Victor, engenheiro e gestor adjunto de Obras e Infraestrutura da Prefeitura de Jundiaí, foi para as redes sociais, nesta segunda-feira (4), onde, em vídeo, fez pronunciamento sobre as UPA’s, planejadas no governo de Pedro Bigardi e cujas obras não tiveram continuidade neste governo de Luiz Fernando Machado.

Nas mesmas redes sociais e no mesmo dia, o técnico de segurança do trabalho, Juliano Tinoco, fez alguns comentários, rechaçando a fala do gestor. 

E, em entrevista especial ao JUNDIAÍ SAÚDE, Tinoco resolveu alongar esses comentários e apresentar provas de que Ademir Pedro Victor não fala a verdade, quando se refere às UPA’s de Jundiaí. 

Juliano Tinoco também resolveu preparar documento que vai protocolar no Ministério Público, pedindo uma série de medidas contra a Prefeitura. Eaqui ele pede: “Fale a verdade, Ademir!”.

Primeiro, resolvemos transcrever os trechos da fala do engenheiro, rechaçados pelo técnico. Depois, publicamos a entrevista especial.

VÍDEO

De praxe, o “bom dia!” e, logo em seguida, “hoje é 4de maio e estamos fazendo vistoria aqui nas obras da UPA da Vila Hortolândia”, começa Ademir.

“A administração do prefeito Luiz Fernando Machado recebeu quatro UPA’s inacabadas. Entregou a do Novo Horizonte. As outras UPA’s, a da Ponte São João, a da Vila Progresso e esta da Vila Hortolândia foram abandonadas em 2016 e não houve previsão no orçamento de 2017 para a continuidade dessas obras”, disse ele.

E, apesar de o perito contratado pela Prefeitura de Jundiaí, o engenheiro Miguel Pelliciari, em entrevista ao JUNDIAÍ SAÚDE, já ter declarado que nenhuma obra de UPA tem erro de estrutura e poderiam, sim, todas elas serem UPA’s do jeito que estavam,Ademir Pedro Victor voltou à narrativa que sustenta, desde o início da atual gestão.

“As obras da Ponte São João e da Vila Progresso têm problemas estruturais”, continua Ademir no vídeo. “Contratamos a revisão dos projetos. E já temos esses projetos de reforço, que deverão ser feitos naquelas estruturas. Aqui na Hortolândia, temos o esqueleto, que estamos visitando hoje. Faz três semanas que a obra foi retomada. É uma obra prevista para 180 dias...”, diz o engenheiro, em seu pronunciamento.

E o gestor segue explicando que “estamos com dificuldades para a consecução da obra, já que estamos enfrentando a pandemia, provocada pelo coronavírus. O número de trabalhadores aqui está reduzido, evidentemente para cumprir as regras do isolamento social”, acrescenta.

E, como um dos trechos rechaçados com mais rigor pelo técnico Tinoco, Ademir fala da inexistência de obras paralisadas em Jundiaí.

“Por determinação do prefeito Luiz Fernando Machado, nós estamos tocando todas as obras do município. Portanto, nenhuma obra foi paralisada. São 56 obras que estão sendo realizadas, em diversas áreas: Saúde, Educação, pavimentação, recap. Nenhuma obra em Jundiaí foi parada”, frisou o engenheiro.

Já ao final do vídeo, Ademir Victor prevê a conclusão da obra da Vila Hortolândia, que deixa de ser UPA-24 horas por dia, para, ainda que sem autorização do Ministério da Saúde (pelo menos, por enquanto) ser Clínica da Família e Unidade Pré Hospitalar (UPH), com atendimento de 12 horas por dia e Clínica da Família, conforme já noticiou o JUNDIAÍ SAÚDE, com exclusividade.

“Esta obra deverá ser concluída, se tudo correr bem, até o final do ano. Então, Jundiaí é uma cidade que, apesar de toda crise – vemos aí estados que nem folha de pagamento estão conseguindo fazer – nós estamos tocando as obras normalmente”, finaliza Ademir Pedro Victor.

ENTREVISTA

JUNDIAÍ SAÚDE – Você fez alguns comentários sobre o vídeo de Ademir Pedro Victor, nas redes sociais, sobre as UPA’s de Jundiaí. Tem mais o que falar?

JULIANO TINOCO – Tenho sim. Tenho muito. Acontece que, depois que postei esses poucos comentários nas redes fui ainda pesquisar algumas coisas na internet e vi que o Ademir Pedro Victor ali se mostrou muito mais como político, do que como engenheiro e gestor adjunto de Obras e de Infraestrutura da Prefeitura de Jundiaí. Sim, porque não é possível que a população receba um tipo de informação por representantes da Administração e a Administração informe completamente o contrário aos órgãos de controle como o próprio Ministério da Saúde, Tribunal de Contas do Estado de São Paulo etc. Então, constatando isso, quero dar aqui nesta entrevista a minha contribuição para as pessoas e pedir ao engenheiro Ademir Pedro Victor que fale a verdade. A população não merece isso que ele está fazendo, como representante da Administração.

JS – Bem... Ademir diz logo no início do vídeo que estava fazendo vistoria nas obras do prédio onde seria instalada a UPA da Vila Hortolândia...

JULIANO – Olha aí! De cara ele perdeu a oportunidade de falar a verdade para a população. Você mesmo (JUNDIAÍ SAÚDE) deu a notícia, esses dias atrás, que aquela obra está sendo tocada sem a autorização do Ministério da Saúde, que dá a maior parte do dinheiro. O Ministério não autorizou, ainda, a alteração de finalidade do prédio de UPA 24 horas, para Clínica da Família e UPH 12 horas. E por que o engenheiro Ademir não disse isso à população? Ou por que não negou, dizendo que começaram, sim,as obras com autorização do Ministério? Ora! A verdade sempre tem de ser dita! Fale a verdade! Sem omissões! Temos autorização. Não temos autorização e optamos por correr o risco disso oudaquilo, mas temos um plano ‘B”, sei lá... E agora,as perguntas são minhas: E se o Ministério da Saúde não autorizar a alteração da finalidade do prédio? Vamos gastar mais dinheiro para desenvolver outro projeto para ocupação dele?

JS – Mas, então voltando para a conclusão da pergunta anterior. Ademir disse que a Administração de Luiz Fernando Machado recebeu quatro UPA’s inacabadas, que continuou e concluiu a do Novo Horizonte, mas, que as outras, da Ponte São João, da Vila Progresso e da Vila Hortolândia foram abandonadas em 2016. E que a gestão anterior não teria deixado previsão orçamentária para que, em 2017, essas obras pudessem ter continuidade. Foi isso?

JULIANO – Não. Digo não, porque, além disso, tem mais coisas. Vou explicar: É muito genérico dizer que as obras foram abandonadas. Quem quiser dizer a verdade dirá que as obras foram abandonadas pelas construtoras e não pela Administração. É diferente! Então é preciso que se diga assim: as construtoras abandonaram as obras, em 2016 e a nova Administração abandonou a continuidade delas, em 2017. Por que não chamaram as construtoras que ganharam em segundo lugar nas respectivas licitações? Dinheiro para isso devia ter sim. Não acredito nessa fala de Ademir ou, então, ele que explique melhor. Pelo que sei, como munícipe interessado na defesa do dinheiro público, a maior parte dos recursos financeiros para essas obras de UPAs vem do Ministério da Saúde! Em todos os municípios, praticamente, quem constrói UPAs é o governo federal. O município tem de arcar com o funcionamento delas. Isso, sim.

JS – Mas como chamar as segundas colocadasnas licitações se, de acordo com Ademir, exceto a da Vila Hortolândia, as obras apresentavam problemas estruturais?

JULIANO – Pois é. Muita gente leu aqui no JUNDIAÍ SAÚDE as declarações do perito, que a própria Prefeitura contratou para revisar essas obras, o engenheiro Miguel Pelliciari. Parece que só os representantes da Administração Municipal não leram. Por meio da Lei de Acesso à Informação, dentre muitas informações que recebi da Prefeitura de Jundiaí, ela diz o mesmo que Ademir disse no vídeo, ou seja, que as obras da Vila Progresso e da Ponte São João tinham problemas estruturais. Quando li a matéria do JUNDIAÍ SAÚDE pude saber que as sugestões feitas por Pelliciari, que Ademirchama de reforço, deram conta de melhorias nos prédios e, de acordo com informações dele próprio, o perito, nenhuma obra apresentou problemas estruturais, sendo que todas elas poderiam, sim, ser UPAs, do jeito em que foram construídas. Então, não posso concluir de forma diferente, a não ser a de que a atual Administração simplesmente não quis dar continuidade às obras da gestão anterior. E aí se me disserem que isso é problema político, eu aceito. Se disserem que é problema estrutural, não. Tudo pela verdade! Aliás, já estou tomando as providências cabíveis a respeito da negativa da Prefeitura em me entregar cópia desse laudo das UPAS, apontando problemas nas estruturas. E olha que pedi a ela por meio da Lei de Acesso à Informação!. Muitas informações vieram: valores do Ministério da Saúde, valores de contrapartida da Prefeitura, nomes das construtoras etc. Mas, a cópia do laudo deve estar guardada à sete chaves (risos).

JS – O que você achou da declaração de Ademir,no vídeo, quando diz que Jundiaí tem 56 obras que estão sendo realizadas em diversas áreas e que aqui não tem nenhuma obra paralisada?

JULIANO – Isso ele disse no vídeo para que a população fique contente com a Administração. Mas, ao Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP), basta navegar pelo Painel de Obras Paralisadas e Atrasadas desse órgão estadual, para ver que a Prefeitura informa que Jundiaí tem trêsobras paralisadas e outras três atrasadas. Isso soma mais de R$ 15 milhões de reais! A data dainformação sobre as paralisações das UPAs, ou seja, a data-base, é 10 de janeiro deste ano, há cerca de três meses, portanto. E mais: Jundiaí informa ao TCE que as obras das UPAs da Ponte São João e da Vila Progresso foram paralisadas em julho/19 e junho/19, respectivamente. O que é isso? Então não foram abandonadas em 2016? Por que para a população dão uma informação e ao TCE, outra? Já quanto a terceira obra paralisada, a Prefeitura informou ao TCE que se trata da construção da sala de ginástica, administração epista de skate no CECE Vanderlei Sperandio, paralisada em julho de 2019. E veja que interessante: Existem outras nove obras paralisadasem Jundiaí, no entanto, tendo como contratantes o DAE, a Escola Superior de Educação Física e a Fumas. E isso para mim é também da Prefeitura, sim! Os gestores dessas instituições foram todos nomeados (ou endossados) pelo atual prefeito. E,por isso, não consigo ver essas entidadesdesvinculadas da Administração Municipal. Então, em Jundiaí, temos 12 obras paralisadas, sob asresponsabilidades direta e indireta da Prefeitura, todas já informadas ao TCE-SP, em 10 de janeiro deste ano. E aí vem o engenheiro Ademir dizer à população que não tem nenhuma!

JS – Em relação a esse Painel de Obras Paralisadas e Atrasadas do Tribunal de Contas, você não citou a obra da Vila Hortolândia. Por que?

JULIANO – Vou citar essa obra em separado. Veja que Ademir diz no vídeo que essa obra foi retomada há três semanas, portanto, em menos de um mês. Mas, em janeiro passado, a Prefeitura não informou ao TCE que esta obra estava paralisada. Por que? Então na realidade, em janeiro, data-base da informação, Jundiaí tinha quatro obras paralisadas e não três. E repito: e vem o engenheiro Ademir, no vídeo, dizer que não tem nenhuma! E repito também: Pela verdade e, pelas informações que a própria Prefeitura passou ao Tribunal de Contas, em janeiro passado, a cidade tem 12 obras paralisadas.

JS – Quer dizer mais alguma coisa sobre as UPAs?

JULIANO – Quero sim. Eu quero dizer que não peço só ao Ademir que fale a verdade. Peço que todos falem a verdade. E a propósito, é bom que a Prefeitura fale o que aconteceu com as construtoras que abandonaram as obras. Foram multadas? Estão suspensas temporariamente para contratar com o serviço público? E olha que estamos falando de muito dinheiro público! Veja que para a UPA da Ponte São João, o Ministério da Saúde mandou para Jundiaí o valor de mais de 2,7 milhões. A construtora recebeu R$ 1,2 milhão. Então veja que mais de R$ 1,5 milhão ficou parado, só da obra da Ponte São João. Para as UPAs da Vila Progresso e da Vila Hortolândia, o Ministério da Saúde mandou quase R$ 2 milhões para cada uma delas e as construtorasreceberam R$ 1,2 milhão, também cada uma. Vejo que isso não é administrar bem o dinheiro. Todo esse dinheiro parado durante esses quase quatro anos poderiam ter feito muita coisa boa para a saúde de toda a população. Ainda nesta semana, vou protocolar documento no Ministério Público, pedindo uma série de medidas contra a Prefeitura, porque vejo que essa questão das UPAs ainda vai render muita coisa. E tomara que seja coisa boa e para o bem da população.

PREFEITURA DE JUNDIAÍ

A assessoria de imprensa da Prefeitura de Jundiaí não atendeu ao pedido de informações feito pelo JUNDIAÍ SAÚDE.

A reportagem informou à assessoria que estaria repercutindo o vídeo sobre as UPAs, protagonizado por seu gestor Ademir Pedro Victor.

Informou, ainda, que a pessoa entrevistada não acredita no pronunciamento do gestor adjunto, no que se refere ao abandono das obras em 2016 e que falaria do total investido nas quatro UPAs, dentre outras coisas. 

Falaria, também, da inexistência de problemas estruturais em duas obras, além da diferença entre as informações do vídeo (para a população) e aquelas passadas aos órgãos de controle competentes.

Por último, a reportagem solicitou à assessoria de imprensa a manifestação das Unidades Gestoras da Prefeitura de Jundiaí sobre o assunto, ou entrevista, por telefone, com o gestor adjunto Ademir Pedro Victor, autor e protagonista do vídeo, pelo que também a Prefeitura não se interessou.

LEIA TAMBÉM:

https://jundiaisaude.com.br/blog/upas-nao-tinham-erro-de-estrutura-diz-engenheiro

https://jundiaisaude.com.br/blog/sem-upas-sao-vicente-pode-continuar-lotado

https://www.jundiaisaude.com.br/blog/obra-de-clinica-em-lugar-de-upa-ainda-nao-foi-aprovada

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