Jesus dos Santos
Integrantes do Conselho Gestor do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo estarão em reunião com o bispo diocesano de Jundiaí, dom Vicente Costa, na próxima quarta-feira (13).
Sob pauta exclusiva, a reunião objetiva registrar reclamação sobre atitudes do padre Clóvis Wilson Fontenla. Além de capelão do hospital ele assumiu, recentemente, a presidência do Conselho Gestor da entidade filantrópica.
De acordo com conselheiros, a reunião vai servir de alerta para a Igreja Católica sobre o que eventualmente poderá decorrer do relacionamento entre o padre e os integrantes do órgão.
“Respeitamos a Igreja Católica, assim como todas as denominações religiosas. Mas, no Conselho, se tivermos de levar o padre Clóvis na Polícia, no Ministério Público, na Justiça, no Tribunal de Contas, ou qualquer outro órgão, vamos levar. Estamos enfrentando vários problemas com ele e, se e quando fizermos as denúncias devidas, a Igreja Católica já estará avisada por meio dessa nossa carta e reunião com o bispo, que faremos na próxima semana”, disse Joaci Ferreira da Silva, o conselheiro que tomou a iniciativa para agendar a reunião.
“Vamos reclamar e alertar o bispo para que avalie nossa sugestão para que o padre renuncie a presidência do Conselho e fique somente com as atividades da capelania no hospital. Ali no Conselho ele já está defendendo coisas erradas do hospital e isso não vai dar certo”, completou.
Joaci Silva cita exemplos de atitudes recentes do padre que descontentaram parte dos integrantes do Conselho.
“Veja que o padre chegou a dizer em reunião que, se os conselheiros não aprovarem as prestações de contas do hospital, serão responsabilizados por isso. Daí, pode ser que alguns conselheiros fiquem com medo de o hospital ficar sem dinheiro e acabam aprovando as contas. Mas, também deixar que o hospital fique com o dinheiro e com prestação de contas que não fecham, isso não dá para aceitar”, continuou Joaci Silva.
“Precisamos dar assistência à população, sim! E isso terá de ser por meio do hospital São Vicente. Mas, com dinheiro e com contas transparentes! Sem esconder nada!”, finalizou.
Jesus dos Santos (este repórter), outro conselheiro que estará na reunião, considera grave e comprometedor o que tem ocorrido nas reuniões do conselho do hospital.
“Em nossa primeira reunião, votei no padre Clóvis para presidente. Já me arrependi. Esperava dele – e principalmente por ser padre – exemplo de ponderação, correção, democracia, habilidade para garantir a boa condução das reuniões que, na maioria das vezes, têm tom hostil... Não vi nada disso”, disse Santos.
“Em minha avaliação o padre não vai se dar bem nessa função. Eventualmente levado à Justiça por defesas de coisas erradas do hospital, o padre estará sendo visto pela população como representante da igreja e não só de seus atos isolados no Conselho. Isso é grave e pode acabar comprometendo o bom nome da igreja. Não sou católico, mas isso não me impede de contribuir para preservar o nome da Igreja Católica ou de qualquer outra denominação”, arrematou.
CARTA
“Pedimos a contribuição de Vossa Excelência Reverendíssima no sentido de alertar Pe. Clóvis quanto à necessidade de zelar pela verdade dos fatos, pela imparcialidade, pela democracia, pela coerência, pela humildade, pelo bem, pelo amor, pela boa educação, vez que tudo isso são qualidades preconizadas pelas pessoas de bem, inclusive, pelo Papa Francisco, em seus recentes e preciosos pronunciamentos”, diz trecho do pedido na carta dos conselheiros ao bispo.
“Pedimos mais. Pedimos que, em vossa detida análise, seja evidenciada a necessidade ou não de o Pe. Clóvis renunciar a presidência do colegiado, vez que nele os embates serão, por vezes, de forma hostil e com finalização na Polícia, Justiça ou outros órgãos, além da mídia local e regional, o que não será bom, nem queremos para a Igreja”, finaliza a carta.