Jesus dos Santos
Atualmente, os 19 vereadores de Jundiaí têm dois assessores cada um, por livre nomeação e com salários de R$ 12.781,21, por mês.
A depender do prefeito Luiz Fernando Machado, nos próximos dias, os parlamentares poderão nomear mais um. Outros quatro cargos também constam do projeto e serão ocupados em outros setores da Casa de Leis.
O Projeto de Lei nº 13.697/22, de autoria da Mesa Diretora, que foi aprovado em sessão extraordinária da Câmara Municipal de Jundiaí, no último dia 12, já está nas mãos do chefe do Executivo para promulgação ou veto.
Os vereadores que compõem a Mesa Diretora da Câmara de Jundiaí (Faouaz Taha, Rogério Ricardo da Silva e Quésia Doane de Lucca), justificaram o acréscimo de um assessor, dizendo, dentre outros argumentos, que, assim, será possível “prestar assessoramento de fato e de forma mais ostensiva ao vereador”.
Os vereadores também disseram que “comparando-se a estrutura da Câmara Municipal de Jundiaí com as de outros Municípios do mesmo porte, tais como Taubaté, Mauá, Piracicaba e Mogi das Cruzes, temos que, em relação à média, aqui verificamos quantidade inferior de vereadores, servidores efetivos e servidores comissionados”.
O prefeito Luiz Fernando Machado pode até aprovar o projeto para que os vereadores nomeiem mais um assessor para cada um deles.
Mas, nem todos do povo seguem essa decisão.
A VOZ DO POVO
A microempresária Kátia Araújo, do bairro do Currupira, por exemplo, diz que a nomeação dos assessores é questão de estratégia política.
“Infelizmente, isso é jogo político! Isso pra mim é compra de votos, na cara dura! Eles vão colocar o pessoal lá, para batalhar votos para deputados, governador e até presidente da República do partido deles, claro”, disse a microempresária.
“Quem tem de ir às ruas e botar a mão na massa são os vereadores e isso eles não fazem. Daí querem contratar mais, mas, na verdade é para conseguir votos”, completou.
O sindicalista Valdemar de Melo, da Agapeama, também não concorda com a medida.
“Não é justo termos uma medida dessa, quando, nesse momento, está difícil pra todo mundo! E, na realidade, quem vê as coisas nos bairros é a própria população e, então, não se justifica a contratação de mais assessores”, avaliou Melo.
A questão das UPAs também foi lembrada, por causa dessas nomeações de assessores que estão para ocorrer.
“Essas nomeações vão custar mais de R$ 3,5 milhões, por ano, para a Câmara. E ela diz que tem dinheiro para pagar, porque até devolve dinheiro ao final de cada ano para a Prefeitura. Pois então que pegue menos dinheiro da Prefeitura para dar continuidade às obras das UPAs, por exemplo! Elas já estão uma vergonha em nosso município”, disse Juliano Tinoco, técnico de segurança do trabalho.
PODE, SIM!
O conselheiro de saúde Joaci Ferreira da Silva até concorda com a contratação dos assessores. O que ele não concorda é com o aumento dos gastos.
“Os vereadores podem, sim, contratar mais assessores. Mas, desde que utilizem os recursos já existentes. Sem aumento!”, disse Joaci Silva.
“Veja que hoje eles têm dois assessores de quase 13 mil reais cada um. Somando-se, 26 mil reais. Ora! Com 26 mil reais daria pra contratar quatro assessores e não três! Mas, com salário de R$ 4 mil, cada um. E ainda sobraria dinheiro! Quero deixar claro que não desmereço os assessores que já estão nomeados. Mas, não posso concordar com aumento de gastos para o Poder Público, principalmente com a justificativa com que se apresenta. Se os vereadores precisam de mais assessores, contratem. Mas, com a verba que têm”, acrescentou.
Joaci Silva ainda indica uma melhor maneira para o uso desses valores, agora destinados aos novos assessores.
“É muito interessante ver que, para essas contratações, aparece dinheiro de uma maneira até fácil. Difícil mesmo para a Prefeitura de Jundiaí está o caso para acabar com as filas de cirurgias de próteses e quadris, por exemplo. Os pacientes ficam nessas filas, em média, por cinco anos. São cerca de 700 deles nas filas. Com certeza com esses mais de R$ 3,5 milhões por ano, conseguiríamos realizar, pelo 175 cirurgias por ano. Num só mandato e, só com salários desses assessores, as filas estariam zeradas, já que seriam 700 cirurgias realizadas. E precisamos, sim, dar boa qualidade de vida a esses pacientes que estão sofrendo, alguns deles até mesmo em suas camas”, indicou Joaci Silva.
Uma servidora pública, que preferiu não se identificar, também até concorda com as contratações. Mas, com o dinheiro dos próprios vereadores.
“A população elege o vereador para que ele faça o melhor pelo município. E isso não inclui onerar ainda mais a folha de pagamento! Se o vereador precisa de assessores, que os pague com seu salário e não com o do povo! Isso tudo que estão fazendo é pra dar emprego a quem presta serviços nas eleições! Uma vergonha!”, esbravejou a servidora.
Por último, Roberto Macedo, servidor público de Várzea Paulista e que mora em Jundiaí, disse que sua opinião, por certo será a da maioria da população jundiaiense.
“Penso ser minha opinião a da maioria da população, uma vez que não é necessário esse gasto excessivo para o Poder Público. O Município tem outras prioridades! Esse salário é muito alto! Se fosse moderado, até passaria. Mas, a população vai se revoltar muito com essa medida. 13 mil reais com essa realidade de nosso País, de nosso povo, com essa inflação, combustível caro, alimentação subindo. Metade desse valor já seria um bom salário! Além do mais, tive a informação de que essa votação foi feita como se na ‘calada da noite’, o que pega muito mal” destacou Macedo.