Nada escapa ao olhar atento e treinado do agente de saúde ou do visitador sanitário durante uma vistoria de prevenção ao Aedes aegypti. Nem mesmo uma latinha de cerveja amassada esquecida em um canto do quintal. Qualquer recipiente com água acumulada, até uma sacolinha plástica, um saco de salgadinho ou uma lona, pode servir de criadouro para o mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika vírus.
É justamente esse olhar que as autoridades sanitárias insistem em despertar na população. “Não podemos relaxar em nenhuma época do ano. Todo morador pode ser um ‘fiscal’ do seu quintal e do vizinho”, destaca a coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Cabreúva, Lucimar Imperio. E ela alerta: “Nesta época do ano, quando há maior incidência de chuvas e calor intenso, a atenção precisa ser redobrada”.
No município, atualmente, os agentes comunitários de saúde estão realizando as visitas casa a casa em suas áreas de abrangência voltadas especialmente para o combate à dengue. Durante a visita, o agente passa ao morador as principais orientações para prevenção do mosquito e também realiza uma vistoria na área externa do imóvel.
“Em alguns casos as equipes têm dificuldade em fazer a vistoria, porque o morador não autoriza a entrada”, lamenta Lucimar. “Por isso, é muito importante a população receber nossos agentes que fazem esse trabalho, pois essa checagem é fundamental. Muitas vezes, o profissional enxerga algo que o morador não percebe”, observa a coordenadora, frisando que a intenção não é multar ou criticar ninguém, mas apenas orientar.
Além desse “casa a casa” nas regiões onde há os agentes comunitários, a Vigilância realiza visitas periódicas aos cerca de 50 pontos estratégicos (como ferros velhos e borracharias) e imóveis especiais (escolas, igrejas, mercados, entre outros) cadastrados na cidade. “Também atendemos as denúncias de locais com possíveis focos do mosquito feitas por moradores pela Ouvidoria da Saúde (tel. 4528-1001)”, reforça Lucimar.
Durante este mês, a Vigilância de Cabreúva está realizando ainda a ADL (avaliação de densidade larvária), que avalia a infestação do Aedes aegypti na cidade e orienta as ações necessárias. Os agentes vão visitar 600 imóveis.
Em 2019, foram registrados 37 casos confirmados de dengue em Cabreúva. É pouco mais de 1 caso a cada mil habitantes. Em 2018, foram 15 casos. Este ano, ainda não há nenhum caso confirmado da doença na cidade.
VISITAS
O quintal da casa de Márcia Regina Soares, no bairro Pinhal, é um bom exemplo do que fazer para evitar a proliferação do Aedes aegypti. Ela conta que sempre foi cuidadosa para não deixar água parada. Tirou todos os pratinhos das plantas, não deixa vasilhas ou galões destampados e está sempre de olho em recipientes que possam acumular água.
Mas nos últimos meses, o cuidado redobrou. “Minha tia, que mora em Franco da Rocha, teve dengue no ano passado. Apesar de ela ser uma mulher superforte, quase morreu. Ficamos tão assustados que estamos mais alertas ainda aqui em casa. Ainda mais que minha mãe é idosa e tem problema de coração”, diz a moradora.
Márcia tem razão em se preocupar. A dengue pode ser mais grave em pessoas idosas e doentes crônicos. “Os idosos costumam ter imunidade mais baixa. É preciso ficar atento”, alerta a agente de saúde Ariane Favorato, da USF Pinhal.
“Por isso, a gente presta atenção em tudo. Um pedaço de plástico, a vasilha dos animais domésticos, uma latinha, qualquer coisa que acumule um pouco de água pode virar um criadouro do mosquito”, complementa a também agente da equipe do Pinhal, Renata Santolica.
Durante a manhã desta quarta-feira, Ariane e Renata visitaram alguns imóveis numa região de chácaras no Pinhal. Segundo as agentes de saúde, nessas áreas o problema mais comum encontrado ainda é o famoso pratinho do vaso de planta. “A maioria dos moradores tem plantas e, apesar de as pessoas estarem cansadas de ouvir para não manterem os pratinhos, muitas ainda resistem.”
CONFIRA ALGUMAS DICAS:
- Manter a caixa d’água bem tampada e fazer limpeza a cada 6 meses;
- Não usar pratinhos nas plantas e xaxim, dentro e fora de casa;
- Plantas que podem acumular água, como a bromélia, devem ser tratadas com água sanitária (uma colher de sopa para um litro de água), regando duas vezes por semana;
- Manter sacolas, copos, plásticos diversos, latas, garrafas, latas e outros objetos de boca para baixo e protegidos da chuva. De preferência, destinar esse tipo de material ao serviço de coleta seletiva;
- No caso de lagos, cascatas e espelho d’água decorativo, procure criar peixes que se alimentam de larvas ou manter a água tratada com cloro;
- Quando usar plástico ou lona para cobrir materiais, mantenha-os bem esticados, para evitar acúmulo de água;
- Manter pneus velhos sempre secos e em local coberto;
- E, principalmente, verifique uma vez por semana se sua casa, especialmente o quintal, tem algum objeto que possa virar criadouro do mosquito.