O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, participou da inauguração, nesta quarta-feira (15), na Antártica, do Fiolab, laboratório exclusivo e permanente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A unidade vai integrar a nova estação brasileira de pesquisa Comandante Ferraz, que, na mesma ocasião, foi reunaugurada pelo vice-presidente da República brasileiro, Hamilton Mourão.
No Fiolab, os pesquisadores brasileiros terão o desafio de estudar o ecossistema antártico de maneira integrada, a partir de uma perspectiva ampla da saúde. Serão coletados e analisados vírus, bactérias, fungos, podendo resultar no desenvolvimento de novos medicamentos e evitar o surgimento de novas doenças.
O Fiolab é resultado do acordo de cooperação firmado com a Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM/Marinha do Brasil), e será um laboratório de biossegurança preparado para responder às necessidades de vigilância epidemiológica e sanitária do país, e dar suporte às pesquisas em saúde e ambiente na Antártida.
Apesar da enorme variedade de organismos e de um ecossistema rico e diversificado, ainda são poucos os estudos sobre o impacto desses ambientes sobre a saúde dos animais, dos seres humanos, ou sobre o próprio continente e a América do Sul.
Ao longo dos quatro anos de duração do projeto, os pesquisadores da Fiocruz irão estudar vírus, bactérias, fungos, microbactérias que podem estar presentes nos animais que vivem ou circulam pela região. Para isso, a Fiocruz está reunindo pesquisadores experientes de diferentes áreas em uma única equipe.
Segundo o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, a parceria com a Marinha do Brasil e atuação da instituição na Antártica reforçam o papel estratégico da Fiocruz para o país.
“Com laboratórios de pesquisa de referência internacional, coleções biológicas, unidades de assistência e fábricas para produção de medicamentos e vacinas, a Fiocruz tem a capacidade de transformar suas pesquisas e descobertas em produtos que beneficiam a população. Uma instituição com o diferencial de uma cadeia completa: da pesquisa básica à entrega de produtos”, destaca o vice-presidente.
Além do importante papel de vigilância epidemiológica, a pesquisa da Fiocruz na Antártica busca também investigar ameaças e oportunidades que os microrganismos presentes na região podem oferecer à saúde humana.
Na linha das ameaças, os estudos buscarão novos vírus, fungos e bactérias que poderão surgir a partir do degelo da calota polar, com a exposição de camadas inferiores de gelo e solo pelo aumento da temperatura, e da migração de espécies que buscarão alimentos em outros ambientes.
Outra importante linha de pesquisa são os organismos que vivem em ambientes extremos e que têm em sua constituição moléculas e competências fisiológicas e químicas diferenciadas do que são vistos em outros lugares, e que podem ter o potencial para desenvolvimento de novas tecnologias e produtos em saúde, como medicamentos e insumos.
O Fiolab oferecerá não apenas todo o apoio necessário aos estudos desenvolvidos pelos pesquisadores da Fiocruz, mas também permitirá dar suporte à formação de profissionais de outras instituições na área, ampliar as relações de parceria com colaboradores nacionais e internacionais, bem como o intercâmbio com os institutos estrangeiros de pesquisa na região.
Pesquisas da Fiocruz na Antártica
A Fiocruz se lançou às pesquisas na Antártica como resultado de um edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTIC) para o desenvolvimento de pesquisas na região.
O projeto foi aprovado em dezembro de 2018 e vai integrar o Programa Antártico Brasileiro (Proantar), conduzido pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Cirm), da Marinha do Brasil. A equipe da Fiocruz passou quase um ano se preparando para sua primeira expedição, que teve início em dezembro de 2019. Uma nova equipe de pesquisadores seguirá em janeiro de 2020.