Por Jesus dos Santos | Mesmo depois de quitado o empréstimo consignado, o Banco Daycoval ainda descontou uma parcela de R$ 179 dos salários do aposentado jundiaiense Irineu Romanato Filho. Corrigido, esse valor já beira os R$ 300. E mesmo que já passados três anos, o dinheiro não foi devolvido.
Cobranças não faltam. São ligações telefônicas do aposentado ao banco, quase que diariamente. As respostas, segundo ele, são sempre as mesmas, vez que as frases das gravações para atendimento ao cliente não mudam. São aquelas do tipo “vamos estar verificando e retornaremos o contato”.
“Não é muito o valor da parcela, eu sei. Mas o dinheiro é meu! Esse é o pior banco que já conheci em toda minha vida de relacionamentos com bancos e entidades financeiras! É péssimo! Não respeita o cliente! Não merece a confiança de ninguém!!, esbraveja Romanato.
“Lá, ninguém consegue falar com outra pessoa, um ser humano! Só se fala com robô, o que é uma coisa horrível. Por certo, fosse eu o devedor de R$ 179 a eles, eu já estaria protestado e respondendo ação na Justiça. Não tenho dúvidas disso”, completa o aposentado.
Mas, nem só Romanato luta contra o banco. Outro cliente, L.D., com reclamações mais recentes nas redes sociais, diz que já pensa até em buscar indenização por danos morais.
“Esse Banco Daycoval é um lixo!”, diz L. D. “Minha namorada já quitou um empréstimo há quatro meses e ele continua a descontar. Entramos em contato, pedindo a devolução dos valores, mas até agora não conseguimos nada. Não façam negócio com o Banco Daycoval! Ele é desonesto!”, alerta L. D.
L. A. também é cliente reclamante. Ela quer atendimento por pessoas humanas, mas não consegue.
“Mandam ligar para o 0300, que é ligação paga e, mesmo assim, não consigo resolver meu problema com o Daycoval. Quero atendimento humano. A Dayane (nome da moça-robô do Daycoval) não está resolvendo nada!”, reclama L. A.
Também em contato virtual com o Daycoval, o cliente J. C. A. se mostrou “ameaçado” pelo banco.
“Como faço para me proteger contra vocês?”, questiona o cliente.
O BANCO
A assessoria de imprensa do Banco Daycoval não atendeu à solicitação de informações encaminhadas pela reportagem.
Em resposta, pediu o prazo de três dias úteis para que a área responsável pudesse apurar o fato.
A reportagem não concordou com o prazo de três dias úteis. No entanto, o estendeu por duas horas. Não houve resposta do banco.
ASSOCIAÇÃO DOS APOSENTADOS
Fé Juncal, presidente da Associação dos Aposentados e Pensionistas de Jundiaí e Região, comentou, na manhã desta terça-feira (7), sobre o mercado financeiro em face dos empréstimos consignados.
Segundo Fé, o mercado é forte, mas cruel.
“É um direito dos cidadãos e em especial falamos aqui dos aposentados e pensionistas. Tem juros baixos, mas se trata de um mercado forte, e, ao mesmo tempo, cruel”, disse Fé.
“Atualmente, quando olhamos para as estatísticas elaboradas pelo Procon, verificamos o grande número de pessoas reclamando de várias situações envolvendo os empréstimos consignados. Pudera! Hoje temos até concessionárias de vendas de veículos, oferecendo financiamentos nessa modalidade dos consignados. Não estou dizendo que isso seja ilegal! Só quero mostrar o quanto esse mercado cresceu”, continua a presidente.
Fé também comenta sobre os abusos nos contatos das operadoras com os potenciais clientes. E oferece orientações da associação.
“Eu, como exemplo, recebo cerca de 30 ligações telefônicas por semana só desses bancos ou seus correspondentes. São ofertas de empréstimo consignado. Têm algumas mensagens que a pessoa recebe e que simplesmente respondendo um SIM já estará confirmando o empréstimo. Isso é um abuso! Não deveria ser assim! Mas, ainda não temos meios de impedimentos para isso. O que temos e fazemos por aqui, dá conta das orientações que oferecemos aos nossos associados, por meio de nosso departamento jurídico”, finaliza.