Jesus dos Santos
Um usuário do Sistema Único de Saúde (SUS), que preferiu não se identificar, disse que a área da Saúde de Jundiaí parece fazer milagres.
Ele ficou indignado com notícia veiculada no portal eletrônico da Prefeitura de Jundiaí, neste sábado (19), dando conta de que o gestor de Saúde, Tiago Texera, recebeu prêmio em um congresso, por ter apresentado projeto de trabalho que aposta na tecnologia para melhorar a vida das pessoas.
De acordo com a notícia da Prefeitura de Jundiaí, o trabalho foi implantado na Farmácia de Alto Custo. Ele tem como foco a informatização, por meio de um sistema que permitiu a redução de tempo de atendimento aos pacientes, bem como a geração de indicadores para melhorar o serviço diário.
O usuário protestou contra o trabalho implantado, uma vez que ele não priorizou a entrega de medicamentos para idosos e pessoas com deficiência.
“A Saúde de Jundiaí parece fazer milagres! Só pode ser isso! Receber prêmio porque desenvolveu projeto de trabalho com tecnologia para a entrega de medicamentos? Receber prêmio pelo que não faz? Isso só pode ser milagre! Desde 2018, está em vigor em Jundiaí a lei 9.077, de autoria do vereador Cícero da Saúde, que dá o direito de os idosos e as pessoas com deficiência receberem seus medicamentos em casa! E por que até agora não recebem? Por que o gestor de Saúde não apresentou essa lei lá no congresso? Esse sim seria o maior prêmio! Mas a lei, já que está em vigor há quatro anos, precisava estar sendo executada. Não está. E nem prefeito, nem vereadores ligam para isso”, esbravejou o usuário.
O usuário continuou seu protesto, citando também a falta de medicamentos na rede estadual de saúde de São Paulo.
“Na terça-feira passada (15), o jornal Folha de S. Paulo publicou matéria, mostrando que na rede pública estadual faltam, pelo menos, 28 medicamentos. E que algumas dessas faltas se arrastam desde junho de 2021. Então, Jundiaí está entregando o quê? E em que prazo? Só pode ser milagre um prêmio desses. A área da Saúde de nossa cidade deve ser milagrosa mesmo”, completou o usuário.
REDES SOCIAIS
Outros usuários também protestaram contra a entrega do prêmio. Em matéria do Jornal da Região, por exemplo, que também deu a notícia do prêmio, nesta segunda-feira (21), eles se manifestaram.
“Quatro meses esperando medicamento do meu marido. Ai dele se não dermos um jeito para comprar”, disse uma leitora.
“Que agilidade? Tem tanta gente esperando remédio na fila... espera de quatro a seis meses ou um ano!”, disse outro.
Outra leitora do Jornal da Região foi mais severa.
“Vamos pedir para retirar o prêmio”, disse ela em seus comentários. “Desde o início de fevereiro estávamos indo buscar a rivastigmina para Alzheimer e ninguém avisou que tinha uma portaria do governo suspendendo a entrega. Somente após fazermos denúncia pelo face e na Record que ficamos sabendo (...)”, disse a leitora.
Outro leitor, também com severidade, criticou.
“É pra rir, né? Não falo mais nada. Até isso essa gestão tenta fazer aos menos informados, ou aos que não utilizam os serviços públicos, acreditar que eles são super preocupados com a população e que atendem as necessidades do cidadão jundiaiense”, protestou o leitor.
Mas, como sempre ocorre no Jornal da Região, os comentários entraram pela noite afora.
“Prêmio de quê? De fazer o paciente de bobo. Só se for!”, disse o leitor.
“Qual prêmio? Já sei: de qual funcionário fala mais rápido que tá em falta ou não tem”, disse outro.
“Pura enganação”. “Eita piada, né?”. Tem que ser o prêmio da demora”. “Repita o mais rápido que puder: tá em falta. Rápido mesmo”, comentaram outros leitores.
REMÉDIO EM CASA EM JUNDIAÍ
A “boa” notícia vem do vereador Cícero da Saúde. No entanto, a conferir.
Por telefone, o vereador disse ao Grande Jundiaí, nesta segunda-feira (21), que, provavelmente, até o meio deste ano de 2022, os idosos e as pessoas portadoras de deficiência física já estarão recebendo seus medicamentos em suas casas.
“Em 2018, consegui aprovar na Câmara Municipal o projeto de meus sonhos: o de entregar remédios em casa, para facilitar a vida de muitas pessoas”, disse o vereador.
“O prefeito vetou esse projeto, mas nós derrubamos esse veto e, então surgiu a lei 9.077/18, que está em vigor”, completou Cícero.
A lei está em vigor. Mas, como até agora, apesar de quatro anos já passados, não foi regulamentada pelo prefeito, ela não pode ser executada, ou seja, as pessoas contempladas na lei não conseguem exercer seu direito de receber o remédio em casa.
Questionado pela falta de regulamentação da lei pelo prefeito, o vereador Cícero disse que o motivo se dá por questões de logística.
“Estamos aguardando a instalação de um polo de distribuição aqui em nosso município. Quando isso ocorrer, não dependeremos mais da Regional de Campinas, local que hoje recebe os medicamentos do Estado e os distribui aos municípios de sua região”, justificou o vereador.
Cícero, no entanto, não justificou por que a falta de um polo de distribuição de medicamentos na cidade impede a entrega nas casas das pessoas contempladas em seu projeto.
O Grande Jundiaí vai acompanhar o andamento das previsões do vereador Cícero da Saúde. E revela que, ansiosamente, desde já aguarda para dar a notícia, até o meio deste ano de 2022, sobre a entrega dos medicamentos na casa das pessoas idosas, com deficiência ou com mobilidade reduzida, assim como dispõe a lei, que já está em vigor há quatro anos.
REMÉDIO EM CASA EM LOUVEIRA
Começou a funcionar hoje, segunda-feira (21), dia em que a cidade celebra 57 anos de emancipação, o Programa Remédio em Casa, em Louveira.
O novo serviço tem como objetivo facilitar o acesso de moradores acamados e idosos com idade a partir de 65 anos aos medicamentos de uso contínuo.
O Remédio em Casa também pretende incentivar a continuidade dos tratamentos médicos, que muitas vezes são interrompidos, agravando os quadros de saúde.
Para este público, o Programa vai entregar em domicílio os medicamentos de uso contínuo disponíveis nas farmácias municipais, sempre de acordo com a prescrição médica. Caso a receita esteja vencida, o medicamento não poderá ser entregue.
Por questões legais, os remédios de uso controlado (estabelecidos pela portaria nº 344 do Ministério da Saúde), imunossupressores e insulina não poderão ser entregues nas residências. Nestes casos, a retirada deverá ser feita nas farmácias. Os medicamentos de alto custo, que são fornecidos pelo Estado, também não estarão disponíveis no serviço de entrega.