O Dae Jundiaí registrou, nesta manhã de sexta-feira (11), mais uma morte por covid-19, dentre os seus funcionários.
Creuza Duarte Sales, empregada terceirizada da Trail Infraestrutura Ltda., que trabalhava na limpeza da área administrativa, morreu no Hospital São Vicente de Paulo, depois de ter passado por uma semana em tratamento, iniciado no Hospital da Cidade, em Várzea Paulista.
Creuza Duarte tinha 49 anos, deixa marido e dois filhos.
Segundo informações de sua irmã Maria dos Anjos Martins Duarte, Creuza fez teste rápido em Várzea Paulista, com resultado negativo para covid-19. Depois, veio para Jundiaí, já em estado avançado da doença, confirmada no Hospital São Vicente de Paulo.
“Em Várzea, o hospital tratou dela como tendo uma gripe que teria evoluído para pneumonia. Mas, aqui em Jundiaí, confirmaram a covid-19. Chegou a ser intubada ontem, mas morreu hoje”, contou a irmã.
O Sindae, Sindicato da categoria dos servidores do Dae, por meio de seu presidente Rodnei dos Santos e de seu diretor Fernando de Moraes, lamentou tanto o fato, como os procedimentos adotados pela empresa até agora.
“Lamentamos profundamente a morte da colega de trabalho. É claro que não desistimos da luta! Mas,não podemos negar que estamos desanimados, já que temos poucos soldados e a situação aqui na empresa não muda. Veja que o próprio Cerest – Centro de Referência em Saúde do Trabalhador – esteve aqui em diligências, há pouco tempo, a pedido do Ministério Público do Trabalho. Seus fiscais fizeram relatório, dizendo ao órgão federal que aqui está tudo bem e solicitou o arquivamento do processo que abrimos sobre a situação que reina nesta empresa. Os fiscais do Cerest deveriam voltar aqui hoje e verificar quantas pessoas que tiveram contato com Creuza Duarte foram afastadas. Nenhuma se afastou! O Dae não se importa com isso! É um absurdo! Tomara que não! Mas, tudo indica que teremos mais casos aqui no Dae, porque parece que ele ainda não se deu conta da necessidade do afastamento das pessoas que tiveram ou têm contato com outras infectadas. Vamos aguardar, pelo menos 14 dias”, disse Rodnei dos Santos.
O presidente também criticou a atitude do gerente de RH, José Dib Jr.
“Já encaminhamos dois ofícios para o gerente de RH, José Dib Jr., solicitando informações sobre o procedimento adotado pelo Dae, em casos de funcionários que têm contato comprovado com outros acometidos ou mortos pela doença. Não obtivemos nenhuma resposta. Ele (José Dib) diz que vai criar o procedimento, mas não cria nunca! Aliás, nem é necessária essa criação! A OMS já estabeleceu o devido protocolo, desde o início da pandemia. Mas, o gerente parece que ainda não tem conhecimento dele e o Cerest, depois de sua análise documental da empresa, disse que aqui está tudo bem. Está?”, indaga Rodnei dos Santos.
Fernando de Moraes também reclamou da falta de procedimentos.
“Quando falei hoje de manhã no setor de Medicina do Trabalho, ouvi a resposta de que iriam ver o que fazer sobre o caso. Ora! O procedimento para afastamento das pessoas já deveria estar pronto desde o início da pandemia! Agora é que eles vão ver o que fazer? O Cerest disse que aqui está tudo bem. Onde está o procedimento para afastamento, então? Não podemos aceitar isso. Mas, as autoridades de saúde vêm aqui e dizem que está tudo bem. Está aí a prova de que não está nada bem! Veja que, das pessoas que tiveram contato com Creuza Duarte, ainda ninguém se afastou. Estão todas aqui conversando umas com as outras,trabalhando umas perto das outras, como se nada tivesse ocorrido. É lamentável! Disse Fernando de Moraes.
DAE JUNDIAÍ
A assessoria de imprensa do Dae Jundiaí não atendeu à solicitação de informações feita pela reportagem.
TRAIL INFRAESTRUTURA
O Departamento de Recursos Humanos da Trail Infraestrutura, em São Paulo, disse que não dá informações sobre funcionários.
RELATÓRIO CEREST
Do relatório emitido pelo Cerest recentemente sobre as diligências feitas no Dae, consta que, da inspeção e análise de documentos, não se evidenciou irregularidades. Por isso, pediu o arquivamento do processo.
“Após inspeção realizada e análise documental, não sendo evidenciada irregularidades sanitárias no local e comprovadas na juntada de documentos, encaminhamos relatório à Gerência e solicitamos o encerramento deste processo”, diz a conclusão do relatório do Cerest, que foi divulgado pelo Dae aos seus funcionários.
Em seu comunicado interno para a divulgação da decisão do Cerest, o Dae lamentou o fato de o Sindae desnecessariamente provocar preocupação e insegurança nos servidores.
“A DAE lamenta a posição da entidade sindical, que desnecessariamente causou preocupação e insegurança nos servidores, e informa que ações preventivas foram realizadas e amplamente divulgadas desde o início da instauração da pandemia, e continuarão a serem executadas”, diz o Dae, em seu comunicado interno.